segunda-feira, 24 de março de 2014

Augusto Aguiar e a entrevista bem humonrada



ZECA CULTURINHA CONCEDE ENTREVISTA
Zeca Culturinha, não por diminuição da estatura física ou cultural, mas pela popularidade, é um cidadão admirado. Culturinha é apenas um diminutivo carinhoso.
Em rápida conversa, concordou em me conceder esta entrevista. Aliás, ela é um apelo popular que os fãs dele me sugerem com frequência. O entrevistado não é do contra; no entanto, expõe as suas opiniões com firmeza e nos faz pensar em descartarmos algumas ilusões.
Cite uma boa companhia?
A Companhia das Letras, gosto muito dessa editora, publica ótimos livros; junto com ela me sinto assim: antes bem acompanhado do que só.
O que está acontecendo com os livros de biografias não autorizadas?
Estão preocupados, coçando as orelhas das capas. Não têm um Norte. Ora a Justiça tira-os de circulação, ora recoloca-os no mercado editorial.
Cite uma grande “invenção”.
A Ficção, sem dúvida.
Quando lê um poema, presta atenção no compasso?
O compasso nada tem a ver com poema, mas com a Geometria. Se bobear, daqui a alguns tempos, somente engenheiros, matemáticos etc, estarão escrevendo poemas.
Qual o maior atraso literomusical (lítero-musical antes do Acordo Ortográfico)?
O Hino Nacional Brasileiro: a música tem idade para ser tataravó da letra. Como se vê, esse hiato entre música e letra é a grande inspiração para que as coisas caminhem lentas no Brasil. O brasileiro é livre (por enquanto), mas é lento.
Vinicius de Morais, gênio ou não?
Ele foi exemplar, mesmo tomando uns pileques. Nesse estado, escreveu e compôs uma obra próxima da perfeição.
Por quê?
Porque caso escrevesse sóbrio, aí, sim, talvez compusesse uma obra mais do que genial. Vejam bem, o verbo está no  Pretérito Imperfeito do Modo Subjuntivo. Ou seja, algo provável.
No entanto, dou a mão à palmatória: Vinicius transitando pelo estado etílico não tropeçou, não caiu, não falou bobagens nem escreveu besteiras quando, cambaleante, caminhava pela Literatura e pela Música. Certa vez, numa boate em São Paulo, totalmente sóbrio, disse: “São Paulo é o túmulo do samba”.
O garçom, a pedido dos presentes, trouxe para Vinicius uma dose dupla do melhor uísque da casa. Para os paulistas, o Vinicius sóbrio tropeçou na genialidade; para os cariocas, não. Coisas de um bairrismo secular de ambas as partes. Ou melhor, coisas do eixo Rio-São Paulo.
Gênio na música, o Chico Buarque escritor escreve com genialidade?
Alguns críticos literários dizem que ele é um escritor genial; escreveu Fazenda Modelo, Benjamim. Outros, ao contrário, destilam críticas. Ah, sim, escreveu também Estorvo.
São coisas da Literatura.
Porque o poeta Augusto Frederico Schmidt, proprietário da Livraria Schmidt Editora, antiga Livraria Católica, vetou Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Nelson Rodrigues para a tradução de uma edição da Bíblia?
Simples, meu caro. Graciliano cortava palavras, enxugava o texto. O  Livro Sagrado ficaria do tamanho daqueles catecismos da primeira Eucaristia. Guimarães Rosa escreveria centenas de palavras estranhas. Nelson Rodrigues incluiria todos os livros Apócrifos. Então, o conselho editorial vetou.
Quem convidaria para uma entrevista no Programa Roda Viva, da TV Cultura.
O Eixo, claro. Ele está sempre no centro da roda. Por exemplo, da
bicicleta, do carro e no Roda Viva.
O que é a Bolsa de Valores?
A Bolsa de Valores nada mais é do que o Jô Soares entrevistando o Faustão e vice-versa.
O que é uma Sociedade Anônima?
São os entrevistados dos programas de ambos.
E a queda das ações na Bolsa de Valores, o que é?
É o silêncio dos convidados dos programas deles. Não tem palanque para os convidados, vão lá pra ouvirem. Não dá tempo nem de escutarem. Caem no esquecimento dos apresentadores.

                       (Autor: Augusto Aguiar)
                   www.m-cultural.blogspot.com







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