Antonio Carlos Secchin, Ferreira Gullar, Débora Ventura,
Toninho e Antonio Ventura |
Nosso colega, Antonio Ventura, de Mococa, manda relato sobre a posse na Academia Brasileira de letras.
SOLENIDADE DE POSSE DE FERREIRA GULLAR
NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
Antonio Carlos Secchin, Ferreira Gullar, Débora Ventura,
Toninho e Antonio Ventura
Na noite do dia 5 de dezembro de 2014, estávamos no Rio de Janeiro, adentrando o
prédio da Academia Brasileira de Letras, eu, a Débora e o jovem poeta Toninho,
meu filho, para assistirmos à Solenidade de posse de Ferreira Gullar a esta
entidade. O Petit Trianon já estava
completamente lotado por acadêmicos, escritores, poetas, artistas, jornalistas,
políticos, demais autoridades e populares que em geral prestigiam a literatura.
Foi com alegria
inusitada que encontramos no local os acadêmicos e poetas Carlos Nejar e
Antonio Carlos Secchin, dois prefaciadores de meus livros e do livro da Débora
a ser lançado no começo de 2015, com os quais nutrimos amizade afetuosa.
Pontualmente às
21h deu início à Solenidade de posse, o Presidente Geraldo Holanda Cavalcanti,
determinando que os acadêmicos Cícero Sandroni e Antônio Torres introduzissem
ao recinto o neoacadêmico Ferreira Gullar.
Logo após,
Ferreira Gullar foi convidado pelo Presidente a pronunciar seu discurso de
posse, como manda a tradição. Em sua fala, inicialmente, disse Gullar:
"Aqui estou,
feliz da vida, uma vez que, aos 84 anos de idade, começo uma nova aventura,
tomo um rumo inesperado que a algum lugar desconhecido há de levar-me. Agradeço
particularmente a alguns dos membros atuais que, durante anos, pela amizade que
a eles me liga, insistiram incansavelmente para que me candidatasse à ABL, como
Eduardo Portella. José Sarney, Antônio Carlos Secchin, Cícero Sandroni, Ana
Maria Machado, sem contar os amigos que já se foram, como Antônio Houaiss,
Jorge Amado e próprio Ivan Junqueira, a quem tenho a honra – mas não alegria,
nestas condições – de substituir. Aproveito a ocasião para pedir-lhes desculpas
por tanto ter me esquivado à sua paciente generosidade."
Depois Gullar
enumerou e falou sobre as personalidades que o antecederam na Cadeira de número
37 e do respectivo patrono, Tomás Antônio Gonzaga, autor do célebre poema Marilia de Dirceu. Depois falou do
fundador da Cadeira, Júlio da Silva Ramos, o primeiro a ocupá-la, e a seguir enumerou
os demais: Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand, João Cabral de Melo Neto, e
terminou seu discurso citando trecho de
poema de Ivan Junqueira, seu antecessor.
A seguir assumiu
a tribuna o acadêmico e poeta Antonio Carlos Secchin, ensaísta e estudioso da
rica obra literária de Ferreira Gullar. Com propriedade falou da obra e também
de Gullar, como amigo e ser humano. Vale
a pena destacar trechos do discurso de
Secchin:
"Toda vossa
trajetória consistiu em perseguir e projetar esse rastro de luz por onde quer que passastes. A luz da esperança contra a sombria face de um mundo hostil. A luz da alegria contra o
sofrimento. A luz da lucidez contra a treva do obscurantismo. Ao lado do poeta
que sois, convivem o dramaturgo, o ficcionista, o biógrafo, o cronista, o
tradutor, o teórico e crítico de arte, o ensaísta, o artista plástico, o
memorialista."
"Prefiro
concentrar-me nos anos mais recentes, marcados por episódios felizes, como o
recebimento da mais alta láurea desta instituição, o Prêmio Machado de Assis,
em 2005; a obtenção do título de Doutor Honoris
Causa, conferido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2010; no mesmo ano, vossa vitória no Prêmio Camões; no dia 9 de outubro de 2014, vossa eleição
para a Casa de Gonçalves Dias, chamemo-la assim, em homenagem ao patrono da
cadeira 15 e vosso conterrâneo. "
"Quero
louvar a voz de um poeta maior que ingressa na Academia Brasileira de Letras.
Com a tácita concordância de tantos
confrades que lhe sufragaram o nome, despeço-me
com a citação de um verso em que você proclama a vocação agregadora da palavra poética,
convidando a que todos nela se reconheçam. Assim, compartilhando a alegria de
sua chegada a esta Casa, ouso dizer que hoje 'Essa voz somos nós'."
Antonio
Ventura
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