Escritores de Ribeirão indicam obras que têm o Ano Novo como tema
Autores de várias gerações vão além dos clichês da data ao escrever sobre a condição humana
Foto: Weber Sian / A CidadeMenalton Braff escolheu contos clássicos de Mário de Andrade e Machado de Assis
O Ano Novo é sempre um período de renovação, esperança e também de muitas frases de efeito e de lugares-comum. Mas grandes autores brasileiros conseguiram ir além dos clichês e aproveitaram a data para escrever verdadeiras obras-primas sobre a condição humana.
Para lembrar esses clássicos, o Caderno C pediu a escritores ribeirão-pretanos que indicassem seus títulos preferidos que tenham o Ano Novo como tema principal.
Alexandre Azevedo, autor de 80 obras entre infantis, juvenis e adultas, destacou "Feliz Ano Velho", livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva e o violento "Feliz Ano Novo" de Rubem Fonseca.
A jovem Carolina Bernardes, que escreveu livros como "FLAUIS" e "Retalhos e Epopeias" escolheu um escritor ainda pouco conhecido, Rafael Gallo, autor de "Reveillon". O poeta e radialista João Augusto indica o poema "Esperança", do gaúcho Mário Quintana.
Já o premiado romancista Menalton Braff escolheu dois contos natalinos que traduzem o clima de final de ano escritos por dois mestres: Mário de Andrade e Machado de Assis. Confira.
Menalton Braff
"Peru de Natal", conto de Mário de Andrade. "Esse é um clássico da literatura brasileira. É um conto freudiano que fala sobre a história de uma família que, pela primeira vez, passará as festas de fim de ano sem o patriarca. Eles precisam superar a vida medíocre imposta pelo pai e querem fazer algo inovador. O pai era muito mão de vaca e jamais permitia que a família comesse o peru no Natal. Então, ao colocá-lo na mesa e destrinchá-lo, é como se a família estivesse se libertando do poder que o pai exercia mesmo depois de morto."
"Missa do Galo", conto de Machado de Assis. "O mais interessante nessa história é o poder de sedução que uma mulher de 30 anos exerce num rapaz de 17 anos, que simplesmente não entende o que está acontecendo. É muito sutil e é com muita classe que Machado de Assis traça as estratégias de sedução da mulher, coisa que só ele consegue fazer. É esse tipo de coisa que atrai e diverte, um jogo que parece que vai acontecer, mas nunca se concretiza."
Alexandre Azevedo
"Feliz Ano Velho", livro de Marcelo Rubens Paiva. "Na adolescência li "Feliz Ano Velho", de Marcelo Rubens Paiva. Foi uma novidade o relato de um jovem que ficara paraplégico após pular em águas rasas. Mas, o mais interessante de tudo, foi presenciar o amadurecimento de um autor como o Marcelo Rubens Paiva"
"Feliz Ano Novo", livro de Rubem Fonseca. "São contos de uma crueldade e tragicidade impressionantes, como o conto que dá título ao livro, em que marginais invadem uma festa de ano novo."
Carolina Bernardes
"Réveillon", conto de Rafael Gallo. "Encontrar obras literárias que tematizem a passagem para o ano novo não é tarefa fácil; não são muitas. Mas basta o conto "Réveillon", do excelente escritor Rafael Gallo, para representar a data comemorada mundialmente. O cenário é a costumeira festa de Ano Novo, em que familiares - próximos e distantes - se reúnem para "agarrar" com toda a esperança a possibilidade do recomeço. É em meio a essa repetição que o autor insere a diferença: um pai idoso e viúvo acompanhado de seu filho surdo. Como se colocar em uma festa que reúne propósitos comuns e manter as próprias motivações internas, que são sempre distintas, únicas e subjetivas?"
João Augusto
"Esperança", poema de Mário Quintana. "Eu gosto muito de Mário Quintana. No livro "Nova Antologia Poética" ele atravessa quintais escondidos em nós. Escreve com a alma ingênua e sábia de uma criança. É poeta de para sempre. De até breve. Imortal. Destaco um trecho do poema "Esperança": "Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano/ Vive uma louca chamada Esperança/ E ela pensa que quando todas sirenas/ Todas as buzinas/ Todos os reco-recos tocarem/ Atira-se/E/- Ó delicioso vôo!/ Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada."
"Peru de Natal", conto de Mário de Andrade. "Esse é um clássico da literatura brasileira. É um conto freudiano que fala sobre a história de uma família que, pela primeira vez, passará as festas de fim de ano sem o patriarca. Eles precisam superar a vida medíocre imposta pelo pai e querem fazer algo inovador. O pai era muito mão de vaca e jamais permitia que a família comesse o peru no Natal. Então, ao colocá-lo na mesa e destrinchá-lo, é como se a família estivesse se libertando do poder que o pai exercia mesmo depois de morto."
"Missa do Galo", conto de Machado de Assis. "O mais interessante nessa história é o poder de sedução que uma mulher de 30 anos exerce num rapaz de 17 anos, que simplesmente não entende o que está acontecendo. É muito sutil e é com muita classe que Machado de Assis traça as estratégias de sedução da mulher, coisa que só ele consegue fazer. É esse tipo de coisa que atrai e diverte, um jogo que parece que vai acontecer, mas nunca se concretiza."
Alexandre Azevedo
"Feliz Ano Velho", livro de Marcelo Rubens Paiva. "Na adolescência li "Feliz Ano Velho", de Marcelo Rubens Paiva. Foi uma novidade o relato de um jovem que ficara paraplégico após pular em águas rasas. Mas, o mais interessante de tudo, foi presenciar o amadurecimento de um autor como o Marcelo Rubens Paiva"
"Feliz Ano Novo", livro de Rubem Fonseca. "São contos de uma crueldade e tragicidade impressionantes, como o conto que dá título ao livro, em que marginais invadem uma festa de ano novo."
Carolina Bernardes
"Réveillon", conto de Rafael Gallo. "Encontrar obras literárias que tematizem a passagem para o ano novo não é tarefa fácil; não são muitas. Mas basta o conto "Réveillon", do excelente escritor Rafael Gallo, para representar a data comemorada mundialmente. O cenário é a costumeira festa de Ano Novo, em que familiares - próximos e distantes - se reúnem para "agarrar" com toda a esperança a possibilidade do recomeço. É em meio a essa repetição que o autor insere a diferença: um pai idoso e viúvo acompanhado de seu filho surdo. Como se colocar em uma festa que reúne propósitos comuns e manter as próprias motivações internas, que são sempre distintas, únicas e subjetivas?"
João Augusto
"Esperança", poema de Mário Quintana. "Eu gosto muito de Mário Quintana. No livro "Nova Antologia Poética" ele atravessa quintais escondidos em nós. Escreve com a alma ingênua e sábia de uma criança. É poeta de para sempre. De até breve. Imortal. Destaco um trecho do poema "Esperança": "Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano/ Vive uma louca chamada Esperança/ E ela pensa que quando todas sirenas/ Todas as buzinas/ Todos os reco-recos tocarem/ Atira-se/E/- Ó delicioso vôo!/ Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada."
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