sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Joaquim Maria Botelho fala sobre o Congresso da UBE em Ribeirão Preto

Matéria da capa do caderno de cultura do Jornal "A Cidade" de 28 de janeiro de 2011

Quinta, 27 de Janeiro de 2011 - 22h42
Ribeirão sediará 5º Congresso da União Brasileira dos Escritores
Direitos Autorais será um dos temas prioritários em discussão no evento de novembro
Régis MartinsTamanho da LetraA-A+
Foto: F.L.Piton / A Cidade

O presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho veio a Ribeirão Preto para conhecer a estrutura para o evento de novembro
Em 1985, o Brasil vivia um clima de democratização pós-ditadura militar. Naquele período, o 4º Congresso da União Brasileira dos Escritores, em São Paulo, foi marcado por um forte teor político.

"Eu estava lá", conta o escritor Menalton Braff, hoje diretor de integração nacional da UBE.

Nesta quinta-feira, Menalton estava acompanhado do atual presidente da União, Joaquim Maria Botelho, durante uma visita ao local que deve sediar a quinta edição do Congresso: as Faculdades COC, em Ribeirão Preto.

É a primeira vez que o evento vai ser realizado numa cidade do interior. E, 25 anos depois, Joaquim diz que o espírito da nova edição é bem diferente daquele da década de 1980.

"Vivemos um momento de diversidade. O poder aquisitivo das pessoas melhorou e consome-se mais livros. O que queremos discutir é a identidade da literatura do Brasil", informa o presidente.

Para tanto, Joaquim acha necessário falar sobre política cultural. Por isso, quer a presença de representantes do governo federal no Congresso da UBE, previsto para ser realizado de 12 a 15 de novembro.

"Nossa prioridade vai ser a questão do direito autoral", ressalta.

Intromissão

Joaquim refere-se à criação do Instituto Nacional do Direito Autoral, proposta pelo governo e que a UBE considera um retrocesso. Ou nas palavras de seu presidente, "uma intromissão".

"O governo quer se intrometer num processo de negociação entre editoras e escritores. Não precisamos disso. Precisamos apenas aperfeiçoar a lei já existente [Lei 9.610] que é muito boa", garante.

O presidente argumenta que o maior objetivo do Congresso é colocar em pauta o relacionamento entre os escritores e a sociedade. O que inclui ressaltar o papel da literatura no país e as políticas para a formação de leitores.

Para tanto, a UBE quer ampliar o seu alcance e por isso escolheu uma cidade fora do eixo das capitais. Um local que, de acordo com Joaquim, "tirasse a UBE de seu castelo em São Paulo".

"Ribeirão ficou conhecida por uma série de atividades culturais ligadas ao livro que ganhou destaque nacional. E isso também incentiva a produção local. Queremos nos comunicar com os escritores de todo o país", afirma.

O presidente da UBE também ressalta o trabalho de Menalton Braff que conseguiu parcerias que garantissem minimamente a realização do Congresso.

"Em outubro passado, recebemos o convite oficial da Prefeitura de Ribeirão e, a partir daí, começamos a montar nosso conteúdo", diz.

Cândido e Mia

Em quatro dias, o congresso deve contar com uma ampla programação, que inclui 16 oficinas diferentes, quatro mesas-redondas, 12 palestras, debates e dezenas de trabalhos científicos.

Joaquim pretende convidar grandes autores para o evento, que também vai estar aberto para o público em geral. O presidente sonha em trazer ninguém menos do que o professor Antônio Candido, no alto de seus 92 anos, para a palestra de abertura.

"Ele estava presente no primeiro congresso da UBE em 1945. Antônio Candido e [o escritor e historiador] Hernani Donato são os únicos remanescentes daquele grupo", informa.

O moçambicano Mia Couto e a portuguesa Teolinda Gersão estão nos planos da UBE para o evento de novembro. Assim como representantes da Academia de Letras de Guiné-Bissau e da Academia Galega de Língua Portuguesa.

"Esperamos ter a presença de mais de 1.200 escritores no congresso", contabiliza Joaquim, em uma referência ao número de autores presentes na edição de 1985.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O presidente em Ribeirão

Amigos, o presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, chega hoje à Ribeirão para uma série de compromissos oficiais relativos à organização do congresso da UBE nesta cidade em novembro de 2011.
Joaquim será ciceroneado por Edwaldo Arantes, do Instituto do Livro, e por Menalton Braff,diretor de integração nacional da UBE e nosso colega de núcleo.
Os participantes do núcleo de Ribeirão tem um encontro marcado com o presidente Joaquim, amanhã pela manhã.
Depois conto das novidades.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Congresso Nacional da UBE_ preparativos

Amigos, deu no jornal "A cidade" de ontem , 20 de janeiro de 2011.

" Congresso
Já tem data e local o Congresso Nacional da União Brasileira de Escritores.
O evento vai acontecer nas Faculdades COC entre os dias 12 e 15 de novembro.

Encontro
Semana que vem, dia 27, o presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, vem a Ribeirão onde será recebido pelo diretor da entidade, o escritor Menalton Braff, para conhecer as instalações e oficializar o congresso."

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Deu na Folha de São Paulo

Amigos, copio a matéria da Folha de SP, Ribeirão, sobre o congresso da UBE.


Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Janeiro de 2011



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Cidade resgata UBE de Mário de Andrade

Entidade de escritores, que já atraiu nomes como Sérgio Milliet e Oswald de Andrade, fará congresso em Ribeirão

Liberdade de expressão, tema de 1945 e 1985, ainda está ameaçada e mantém-se na pauta, afirma Menalton Braff

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Em 1945, no primeiro governo Getúlio Vargas, escritores como Oswald de Andrade, Jorge Amado e Sérgio Milliet redigiram um protesto pelo livre pensamento. Quarenta anos depois, o teatro Sérgio Cardoso, na capital, ficou lotado para um desabafo coletivo pelo fim da ditadura.
Após um lapso de 25 anos sem nenhum encontro, a UBE (União Brasileira dos Escritores), que teve Mário de Andrade como um dos fundadores, escolheu Ribeirão Preto para retomar a tradição de realizar congressos.
A 5º edição do Congresso Brasileiro de Escritores deve ocorrer na cidade entre os dias 12 e 15 de novembro, com a expectativa de reunir cerca de mil cronistas, romancistas, ensaístas e contistas de todo o país.
Moacyr Scliar, 73, colunista da Folha, se recorda do sentimento de fim da opressão compartilhado no último congresso, em 1985.
"Eu me lembro de escritores falando a favor da liberdade de expressão. Congressos como esse, na época, tinham uma importância muito grande, porque ainda era o fim da ditadura."
Mais cético, o escritor Ignácio de Loyola Brandão resumiu o evento de 1985 mais como um "alívio" pelo fim da repressão do que um debate frutífero de ideias.
Menalton Braff, 72, hoje diretor de integração nacional da UBE, recorda-se até de intervenções artísticas em meio ao debate. "Um escritor do Piauí quis declamar sua poesia, e começou uma briga entre os que diziam que isso não estava na pauta."
O primeiro e mais célebre dos congressos, o de 1945, marcou-se como um protesto pela opressão do Estado Novo (leia texto ao lado).

CENSURA MORAL
Apesar da distância de 65 anos do primeiro encontro, um tema ainda parece ameaçado e se mantém na pauta: a liberdade de expressão.
Se a censura política cerceou o ofício da escrita no passado, é a censura moral que recai hoje sobre a literatura, segundo Menalton.
Prova disso, diz, foi o veto pelo MEC à obra "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, e pais que chamaram de pornografia obras de Loyola Brandão e Cristovão Tezza lidas na escola.
Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Janeiro de 2011



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MEMÓRIA

Em 1945, 1º congresso teve cunho paulista

DE RIBEIRÃO PRETO

Talvez o professor Antonio Candido, arrisca Menalton Braff, seja um dos únicos escritores ainda vivos a participar de todos os congressos da UBE -desde o mais célebre, de 1945.
O espaço escolhido foi o Teatro Municipal de SP. Nada mais natural para um grupo até então apenas de escritores da capital, da antiga Sociedade Paulista dos Escritores.
Em 22 de janeiro, Oswald de Andrade, Sérgio Milliet e outros redigiram o manifesto exigindo a legalidade democrática, "garantia da completa liberdade de pensamento", segundo um trecho. Naquele ano, findava-se o Estado Novo de Getúlio Vargas.
O segundo encontro foi dois anos depois, em BH. Em Salvador, no congresso de 1950, a sigla UBE se consolidou como entidade nacional. Seriam 35 anos de silêncio até o quarto e último encontro, em 1985.